Casa de Cultura de Ermelino Matarazzo amplia atividades para resistir a fechamento

São Paulo – Como forma de resistir às tentativas de fechamento da Ocupação Cultural Mateus Santos – Casa de Cultura de Ermelino Matarazzo, o coletivo que mantém as atividades no espaço divulgou na última sexta-feira (2) uma ampla programação cultural para o mês de fevereiro. Apesar de terem tido água e luz cortadas, o grupo mantém as ações com o apoio da comunidade e dos próprios artistas que realizam shows, oficinas e outras atividades no local. As atividades ocorrem de domingo a domingo e são gratuitas.

Entre as atividades estão ensaios de bloco carnavalesco, capoeira, cinema, hip hop, danças e até um debate sobre saúde mental. “Fica nítido como o espaço é importante para a comunidade”, destacou Gustavo Soares, membro do Movimento Cultural Ermelino Matarazzo.

“As atividades só estão acontecendo por conta do apoio da comunidade. A gestão (do prefeito da capital paulista, João Doria) tem feito várias ações de perseguição, como corte de energia e água. São os vizinhos da ocupação, os artistas, que estão fornecendo água com baldes e galões, além de material de limpeza e contribuições de financiamento coletivo para manter nossas atividades”, explicou Soares.

Segundo o ativista, a manutenção das atividades consome cerca de R$ 4.500 por mês, sem incluir qualquer ajuda de custo aos mantenedores do espaço ou aos artistas e educadores que realizam as atividades. O grupo criou uma campanha de apoio para arrecadar verbas, além da venda de produtos produzidos por eles mesmos.

Desde outubro do ano passado a gestão Doria tenta interditar o espaço, alegando que o local tem problemas estruturais. O grupo rechaça essa justificativa e acredita que a motivação para o fechamento é política. O motivo seria a negativa do grupo a seguir tocando atividades no espaço sem receber recursos da Secretaria da Cultura, proposta apresentada pelo secretário André Sturm. O grupo não aceitou e, durante a discussão, Sturm ameaçou quebrar a cara do ativista cultural Gustavo Soares. Em 2016, na gestão de Fernando Haddad (PT), o grupo foi reconhecido como parceiro da prefeitura e recebeu R$ 100 mil para realizar atividades por seis meses.

O documento da prefeitura regional de Ermelino Matarazzo, fixado na fachada da casa de cultura em 14 de dezembro, determina a remoção da marquise e a imediata interdição do prédio em sua totalidade. O grupo contesta o laudo. Eles possuem um laudo de habitabilidade independente que indica ser possível realizar uma reforma mantendo a ocupação do espaço. Desde então o coletivo mantém atividades no local ininterruptamente.

Como forma de pressão, evitando o uso da Guarda Civil Metropolitana (GCM), a gestão pediu à AES Eletropaulo que cortasse a energia do espaço. E depois pediu à Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) que interrompesse o fornecimento de água. O grupo driblou as duas medidas e mantém a casa de cultura aberta e com atividades.

“Entendemos que a decisão de retirar o movimento da casa de cultura, onde estamos há mais de um ano, é meramente política. A prefeitura está se escondendo atrás de argumentos técnicos para fechar o espaço e retirar do local as atividades que o movimento vem desenvolvendo”, afirmou Gustavo, na ocasião da interdição.

O edifício em que hoje está a Casa de Cultura de Ermelino Matarazzo tem cerca de 40 anos de uso e era um imóvel da própria prefeitura regional que esteve sem utilização por cerca de 10 anos. Segundo o parecer da prefeitura regional, há problemas de infiltração, trincas e estufamento de azulejos, que devem ser contidos para evitar o comprometimento da estrutura. Mas tal procedimento poderia ser realizado sem a necessidade de interdição do espaço.

Fonte: Rede Brasil Atual

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