Metroviários realizam novo ato contra demissão de trabalhador

Fonte: Rede Brasil Atual

São Paulo – O Sindicato dos Metroviários de São Paulo realiza hoje (25) mais um protesto contra a demissão por justa causa do trabalhador Valter Rocha, no dia 15 de setembro, após ter sofrido uma injúria racial de um passageiro um mês antes. “O sindicato está tomando todas as medidas administrativas necessárias para a anulação da demissão e convoca toda a categoria para um ato de repúdio”, diz a convocatória. A entidade apresentou recurso administrativo, mas ainda não teve resposta. O ato ocorre em frente ao prédio da Companhia do Metropolitano, na região central de São Paulo.

Rocha considera-se perseguido pela companhia desde o início de seu trabalho. Ele ingressou no Metrô em 2002 e conta que, em 2007, sofreu o primeiro episódio de racismo. Fez dreads nos cabelos e supervisores disseram que ele deveria cortar o cabelo, porque seria anti-higiênico. Desde então, não teve mais tranquilidade no serviço. Todas as suas avaliações traziam notas baixas no item “apresentação e asseio”. Mais tarde, em 2013, conta que não foi aprovado em um concurso interno porque operar equipamentos técnicos “talvez não estivesse nos meus genes”.

A demissão teria ocorrido como desdobramento dessa situação. Rocha relata que, em agosto deste ano, um usuário tentou pagar a passagem, mas não havia troco na bilheteria. O passageiro ficou irritado, ofendeu o trabalhador e pulou a catraca. Acabou abordado por dois policiais e liberado em seguida. Vinte dias depois, o passageiro voltou à estação, chamando Rocha de “macaco”. O trabalhador foi atrás do agressor e o segurou pela mochila.

A situação foi denunciada pelo passageiro a seguranças da estação Vila Mariana. O trabalhador alega ter sugerido que eles fossem até uma delegacia para apresentar uma denúncia de injúria racial. O usuário desistiu da reclamação. E foi embora. O Metrô não teria pedido nenhum esclarecimento a ele. Mas, um mês depois, usou essa denúncia de agressão para demitir o funcionário.

A companhia alega que Rocha foi demitido por “infringir  o Código de Ética e o Regulamento Disciplinar da Companhia no trato com o usuário”. “Esta demissão não é um caso isolado do Metrô, que vem em uma ofensiva de demitir vários funcionários alegando baixa produtividade, inclusive em casos como funcionários em tratamento psicológico e de câncer”, argumenta o Sindicato dos Metroviários.

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