Não bastasse a desigualdade cotidiana vivida por negros e pardos, a discriminação toma novas formas na proposta de reforma da Previdência de Jair Bolsonaro ao ignorar questões sociais elementares e séculos de racismo.
A proposta de reforma da aposentadoria do governo Bolsonaro será como a volta ao período da escravidão. Essa afirmação é do Maurício Pestana, ex-secretário de Promoção da Igualdade Racial de São Paulo.
“Nós, negros, somos os mais afetados com esse retrocesso. Se em algumas áreas a gente já estava regredindo 5, 10, ou 15 anos, eu acho que com a reforma da previdência nós vamos estar reduzindo mais de 100 anos.
Todos sabem, todas as pesquisas do IBGE e do DIEESE, mostram que o negro começa a trabalhar muito cedo, e eu sou um exemplo vivo disso. Meu 1º registro na carteira eu tinha 12 anos de idade, eu tenho mais de 35 anos de idade e com essa reforma e eu vou ter que trabalhar mais 10 anos. A classe média abastarda no Brasil a trabalhar com 25 ou com 30 anos”, Maurício Pestana.
Em geral os negros entram mais cedo no mercado de trabalho e recebem os menores salários e ficam mais tempo na informalidade o que dificulta aposentadoria.
“Infelizmente tem que deixar o estudo muito mais cedo, tem que ser inserido no mercado de trabalho muito mais cedo, e o reflexo de deixar a educação antes que os outros trabalhadores fazem com que a população negra seja inserido nos trabalhos mais precarizados”, avaliou a secretária adjunta da CUT, Rosana Fernandes.
De acordo com a dirigente sindical, as mulheres negras serão ainda mais prejudicadas. “Quando a gente faz um debate sobre quem fica responsável pelo cuidado das crianças, pelo cuidado do lar, pelo cuidado dos enfermos, normalmente são as mulheres. As mulheres negras têm muito mais que isso na sociedade elas são a grande a maior parte das mulheres que são chefes de família então o trabalho das mulheres negras é duplicada quadruplicado”, ressaltou Rosana.
Além de sofrerem o racismo e as diferenças sociais, e salariais outro aspecto desfavorece os negros a expectativa de vida. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), na média os brancos vivem 73 anos, já os negros morrem mais cedo aos 67 anos.
Como a proposta para receber aposentadoria integral estabelece idade mínima de 62 anos para mulheres e 65 anos para homens, grande parte dos negros não vai se aposentar acredita Patrícia Pelatieri economista do DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).
“Olhando para essas informações, nós vemos que a grande maioria dos negros e negras estarão excluídos da possibilidade de se aposentar, se eu amplio a idade aí para 62 anos mulheres e 65 anos homens como é a proposta apresentada pelo governo”, concluiu a coordenadora do Dieese, Patrícia Pelatieri.
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