Peça investiga essência dos brasileiros a partir da perda de origens

Fonte: Rede Brasil Atual

Um voo interior rumos às próprias raízes. É o que propõe a peça O Santo Dialético, do Teatro do Incêndio, que reestreia neste sábado (15), às 20h, na sede da companhia, no bairro da Bela Vista, no centro de São Paulo. Com direção de Marcelo Marcus Fonseca, a montagem parte do projeto “A Teoria do Brasil”, na qual o grupo investiga os vestígios da essência ancestral do brasileiro por meio de pessoas que, vivendo em São Paulo, perderam o contato com suas origens.

Dividido em dois atos, o enredo traz histórias paralelas que criam uma espécie de mosaico da mistura racial brasileira: um índio, tirado aos oito anos de sua tribo por padres, retorna do seminário para reencontrar sua aldeia; uma moradora de rua se sente chamada para uma missão e encontra o sincretismo pelo caminho; um casal de evangélicos negros vive o drama de não conseguir ter filhos e o marido é atormentado por antigos sons que desconhece; e um publicitário não se encontra no próprio corpo enquanto sua mulher sofre de uma doença terminal.

Em uma mistura de teatro, dança e música ao vivo, as histórias são contadas a partir do ponto de vista de pessoas comuns que, sentindo que perderam referências importantes de suas próprias trajetórias, partem em busca de uma mitologia com a qual possam se identificar. A peça “propõe o entendimento da descaracterização do negro, do índio e do próprio europeu (transformados em outra raça), indo à procura desse ‘novo povo’, o brasileiro, levando cada personagem numa espécie de voo interior rumo à própria raiz”, apresenta a sinopse.

O Santo Dialético estuda um Brasil vilipendiado, massacrado, proibido. Um Brasil que destrói diariamente a sua identidade, que faz de sua igualdade para a qual tem vocação, diferenças profundas, separações de cores, ideias e negação de saberes nascidos do encontro de povos e esperanças. Resgata um país invisível, utópico e verdadeiro, vivo na força sutil de toda matéria criadora oriunda do espírito de um povo com uma só cor: cor brasileira”, afirma o diretor Marcelo Marcus Fonseca.

O espetáculo itinerante percorre os dois andares do Teatro do Incêndio e, durante o intervalo, a companhia oferece comidas típicas da culinária brasileira por um valor adicional (R$ 20). Baião de dois, galinhada, acarajé, arroz carreteiro, farofa nordestina, entre outros pratos, são preparados pelo próprio diretor durante o primeiro ato do espetáculo e são servidos em grandes mesas comunitárias.

“Comida é memória. Cada prato criado aqui tem a mistura de um mundo novo, possível, ao lado de um outro mundo, corrupto, nascido da opressão. Mas a invenção da comida na necessidade deu origem a pratos sofisticados vindos, às vezes, quase que dos restos. Cozinhar é libertar e dar afeto. Como em uma festa popular, num terreiro, no interior, o espectador é convidado a partilhar um espaço de refeições coletivas, intimamente ligado a todo o desenrolar da história, ou das histórias da peça. A comida, assim como a música e a palavra, é parte orgânica de um espetáculo que trata de raízes, essência e comunhão humana”, declara Marcelo.

Até 4 de dezembro, O Santo Dialético terá 16 apresentações em São Paulo, aos sábados, às 20h, e domingos, às 19h.

O Santo Dialético
Quando: de 15 de outubro a 4 de dezembro
Aos sábados, às 20h, e domingos, às 19h
Onde: Teatro do Incêndio
Rua 13 de Maio, 53. Bela Vista/SP.
Quanto: pague quanto puder (dinheiro ou cartão de débito)
Jantar: R$ 20,00 (opcional)
Duração: 150 minutos
Gênero: drama musical
Classificação: 14 anos
Capacidade: 80 lugares

Texto e direção geral: Marcelo Marcus Fonseca
Direção musical, composições originais e música ao vivo: Bisdré Santos
Figurino: Gabriela Morato
Iluminação: Helder Parra e Marcelo Marcus Fonseca
Preparação vocal: Alessandra Krauss Zalaf
Assistência de direção: Sérgio Ricardo
Assistência de produção: Victor Castro
Adereços: Fabrízio Casanova
Trilha sonora mecânica: Marcelo Marcus Fonseca e Bisdré Santos
Coreografia: Gabriela Morato
Operação de luz: Helder Parra
Operação de som: Victor Castro
Responsável técnico: Antonio Rodrigues
Fotos: Giulia Martins e João Caldas
Realização e produção: Cia. Teatro do Incêndio
Atores: Gabriela Morato, Francisco Silva, Elena Vago, Valcrez Siqueira, André Souza, Victor Dallmann, Pamella Carmo, Juan Velasquez, Thiago Molfi, Lígia Souto e Anderson Negreiro

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