Por Preta Ferreira, publicitária
Ser mulher negra e estudar em universidade particular é ter que ouvir branco filho de papai dizendo que você só está lá graças a cota , é tirar a nota mais alta da classe porque passou a noite inteira estudando e pela manhã foi para o trabalho mesmo sem dormir direito para garantir o dinheiro da mensalidade , do material e do transporte . Muitas vezes fui a única negra dentro de uma sala, mas isso me fazia especial , especial porque nunca fui de desistir, estava preparada para enfrentar pessoas e situações, as vezes é bom ser o centro das atenções.
O papel da mulher negra dentro da Universidade é levar a discussão da questão racial em todos os espaços que ocupa. Ser filha de pais negros e pobres e conquistar o nível superior é lutar contra as imposições da sociedade elitizada e branca defendendo a democracia, para que o povo brasileiro, os negros e negras continuem sonhando e tendo a oportunidade de entrar na Universidade para ter a profissão que deseja .
Para entrar em uma universidade particular é uma luta, muita luta, mas é uma luta diária e mil vezes maior para permanecer…. Ser mulher negra em uma universidade particular é ter que ler teorias sociais que não fazem sentido nos livros escritos por mulheres brancas em seu universo cheio de privilégios, é você reconhecer o quão complicado, triste é tencionar a academia branca e burguesa que todos os dias tenta nos expulsar; querer reconhecer que, quando uma mulher negra avança nenhuma retrocede; é sobreviver sabendo que aquele espaço, livros, arquivos e planos de carreira não foram feitos ou oferecidos para você; é tentar entender como muitas só se enxergam em outras quando veem mulheres negras nas universidades ocupando cargos de limpeza;
Tudo isso a gente faz na luta – pelos corredores das universidades e perante a Sociedade hipócrita .
SER MULHER NEGRA NA UNIVERSIDADE PARTICULAR É LUTAR TODOS OS DIAS.