Estudantes vão às ruas para defender o passe livre dos ataques de Doria

Fonte: Rede Brasil Atual

Estudantes de São Paulo prometem realizar nesta quarta (12) um ato em defesa do passe livre  estudantil. A manifestação, convocada pela União Nacional dos Estudantes (UNE), está marcada para as 16h, em frente ao prédio da prefeitura, na região central da capital. O direito dos estudantes, garantido em 2015 pela gestão de Fernando Haddad (PT), está sob ameaça do tucano João Doria, que assumiu no começo do ano.

Doria anunciou, no sábado (8), alterações no programa que, de acordo com a organização, “inviabilizam a passagem daqueles que moram longe dos centros e qualquer acesso à cidade, limitando a formação do estudante apenas às salas de aula e garantindo cada vez mais a exclusão da juventude dos espaços públicos”.

A regra atual permite que o estudante da rede pública de ensino fundamental, médio e técnico, de comprovada baixa renda, além de beneficiários do Fies e do Prouni, realize até oito viagens diárias gratuitas no transporte público. De acordo com a nova regra de Doria, que entra em vigor em 1 de agosto, os embarques ficarão restritos a dois períodos de duas horas. A alteração foi assinada pelo secretário de Mobilidade e Transportes, Sérgio Aveleda, e publicada ainda no sábado no Diário Oficial.

A vereadora Sâmia Bomfim (Psol) criticou a medida e prometeu lutar para barrar a restrição. “(O passe livre) ainda era muito aquém da consolidação do direito de ir e vir, mas era um avanço muito importante. Como os jovens poderão desenvolver suas atividades com esse corte? Inadmissível! Vamos mover todas as ações necessárias para barrar este absurdo”, disse.

Sâmia argumenta que as atividades dos estudantes vão além da sala de aula, e o corte seria prejudicial para a formação dos jovens, em especial os de menor renda familiar. “Para João Doria, o estudante só pode pegar ônibus para ir para a aula. Ignora a necessidade de fazer estágio, de ir a museu, teatro e horas de atividades complementares. Absurdo! Nós jovens conquistamos o passe livre estudantil depois de muita luta, enfrentando muita truculência da polícia e do governo”, disse a vereadora, lembrando das manifestações do Movimento Passe Livre (MPL), em junho de 2013.

Toninho Vespoli, também do Psol, reforça as críticas à gestão de Doria. “Desde o início do mandato, o prefeito já cortou o transporte gratuito escolar, oficinas culturais, o leite das crianças e recursos financeiros de várias pastas. O passe livre estudantil é a vítima da vez”.

“Hoje (11), nosso mandato vai se reunir com a equipe da SPTrans para obter mais informações sobre essa mudança. Serão prejudicados os estudantes dos ensinos fundamental e médio matriculados na rede pública e estudantes de universidades públicas e privadas com renda familiar per capita menor do que um salário mínimo e meio. O que se constrói com tanta redução de recursos?”, completa o vereador.

A servidora pública e ativista Diana Assunção, que trabalha na Universidade de São Paulo (USP), critica os argumentos da prefeitura para a realização do corte. “A prefeitura diz que havia um ‘desvirtuamento’ do uso do passe livre, que os estudantes estariam usando ‘para outras coisas’. Como assim? E o lazer, e a cultura? E o esporte? E o trabalho? O que eles chamam de desvirtuamento é a própria vida da juventude, que já tem pouco acesso à cultura e ao lazer, quando não é diretamente reprimida pela polícia em seus espaços.”

“Agora, o passe livre ficou restrito a duas viagens, com integração, mas buscando cortar a possibilidade da juventude de ter direito à vida. O que eles estão dizendo é que a vida da juventude vale menos que o lucro das empresas de transporte. Não podemos aceitar isso. Como surgiu nas grandes jornadas de junho de 2013, o transporte é um direito e precisa ser público e gratuito”, diz.

Como alternativa para a universalização do passe livre, Diana sugere “impor o não pagamento da dívida pública para que este dinheiro seja destinado aos serviços públicos, como transporte, garantindo direitos de fato, e estatizando todo o transporte sob controle dos trabalhadores em aliança com os usuários”. “Pelo direito da juventude ao lazer, à cultura e ao futuro”, acrescenta.

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