Impasse continua na Catalunha, depois que eleições derrotaram governo

Por Kjeld Jakobsen, da FPA*: As eleições antecipadas na Catalunha, convocadas pelo governo espanhol, que destituiu as autoridades locais devido à proclamação de independência da região no mês de outubro, realizaram-se no dia 21 de dezembro. Embora o resultado não tenha ampliado significativamente o apoio popular ao processo de independência, foi uma derrota para o governo espanhol e para o Chefe de Governo, Mariano Rajoy, do Partido Popular (PP), pois os três partidos favoráveis à independência – Juntos pela Catalunha, Esquerda Republicana e Unidade Popular – elegeram 70 deputados, o que lhes concede a maioria dos 135 deputados do Parlamento Catalão.

O partido “Comuns”, a versão catalã do “Podemos”, que hoje governa a cidade de Barcelona, elegeu oito deputados. São favoráveis à maior autonomia e aceitam a independência desde que realizada por intermédio de um processo organizado e debatido com a população.

Os partidos contrários à independência tiveram os seguintes resultados: o “Ciudadanos” elegeu a maior bancada individualmente composta por 37 deputados, o Partido Socialista Catalão, versão local do PSOE, elegeu 17 deputados e o PP que vem sendo tragado pelo “Ciudadanos” em toda a Espanha, elegeu apenas três.

No entanto, apesar desse resultado que permitirá que os independentistas retornem ao governo, se mantiverem sua unidade, há dúvidas sobre o que acontecerá com os deputados hoje presos ou foragidos como o ex-presidente da província, Carles Puigdemont, líder do “Juntos pela Catalunha” que está refugiado na Bélgica, se poderão assumir seus cargos ou não.

Os independentistas consideram que a República da Catalunha já está proclamada desde 21 de outubro, que o resultado eleitoral legitimou o fato, e que cabe à Espanha tão somente aceitá-lo, libertar os presos políticos e permitir o retorno dos refugiados. No entanto, apesar de terem eleito juntos a maior bancada, os partidos favoráveis à independência tiveram ligeira queda na votação. Em 2015 obtiveram 47,8% dos votos e agora 47,5%. A diferença não é relevante, mas o fato de obterem menos de metade dos votos em ambas ocasiões significa que a população da Catalunha é, no mínimo, dividida em relação à independência. A ver, os desdobramentos.

Kjeld Jakobsen é consultor em cooperação e relações internacionais da Fundação Perseu Abramo.

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