Live do Conde! Golpe Zumbi

E la nave va. Enquanto um misto de confusão, oportunismo, pirraça, egoísmo e delinquência toma conta de TODOS os setores da sociedade brasileira, arquiteturas de golpe morrem e ressuscitam com a velocidade de uma série de quinta categoria da Netflix.

As mídias dependente e independente entram na dança. Na falta de um debate público digno do nome, habitamos a planície árida da proliferação de teses, estratégias raiz, teorias da conspiração, cancelamentos e descancelamentos.

O episódio Rita Von Hunty é emblemático. Uma esquerda deslumbrada, carente e fim de carreira elegeu a drag como a síntese mais bem acabada da inteligência sexualmente sedutora. A estrela imediatamente virou um produto de grife no mercado neoliberal, que a capturou como quem esmaga um inseto.

Posto avançado do ultraliberalismo travestido de marxismo revolucionário, o tempero drag levou esquerdistas ao êxtase, com as simplificações teóricas que desfilavam impávidas e descontraídas nas pílulas didáticas esparramadas nas redes. Como um simulacro dos disputados bonés do MST, até Paulo Freire entrou na valsa “queen”: tudo embalado e devidamente perfumado como um sabonete orgânico unisex.

Enquanto isso, o país afundava e afunda.

Não há por que lamentar. É divertido mesmo.

O que temos no horizonte é uma nova cepa de ímpetos golpistas: o golpe zumbi. Quando o consideramos morto, ele retorna rastejando pelas trincheiras do jornalismo co-convencional (sic).

Dez entre nove colunistas falam em golpe. Qual o resultado? A desmoralização do golpe. A dramática falta de credibilidade impregnada no pós-lavajatismo das redações brasileiras alça toda e qualquer tese ali defendida à condição de cadáver semiótico. Chegaram tarde, cansados e desinspirados.

Enquanto isso, concluímos que o golpe de Bolsonaro está morto – e que outros golpes virão, cedo ou tarde.

Simples.

Afinal, a vida é uma sucessão de golpes. Entre um e outro, construímos nossos fiapos de história.

Do que podemos reclamar?

E la nave va.

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