A despeito de todas as dificuldades em codificar as estratégias de comunicação de guerra de Bolsonaro, o ex-presidente Lula começa a dar uma lição de política e de marketing político.
Quem comanda a comunicação no PT é Lula. Ponto.
Ele é o diferencial, o enunciador singular que organiza o discurso político e a retórica da persuasão. Nenhum marqueteiro na face da Terra é capaz de fazer isso, quanto mais no Brasil – com todo o respeito.
Se houvesse um marqueteiro competente nesse campo complexo do combate aos enunciados fascistas, ele já deveria ter oferecido algum resultado prático em algum lugar do debate público.
A hesitação dos profissionais da comunicação resultou no efeito óbvio para o campo anti-Bolsonaro: Lula organizou a vacina para esmagar o neonazismo à brasileira.
Ele demonstrou isso na recusa em comentar o caso Daniel Silveira de bate-pronto. Causou revolta no jornalismo de cativeiro – cujo esporte preferido é cobrar Lula – e amorteceu a violência institucional do miliciano da República.
Com isso, Lula equaciona, finalmente – e de maneira singela -, o silenciamento gradual da verborragia tóxica de Bolsonaro. Os próximos ataques histéricos do Torturador-Geral da República serão respondidos com… Silêncio – para, depois, serem devidamente desconstruídos, debochado e cancelados.
Todos somos contra o cancelamento, por evidente. Mas temos de admitir o prazer que é testemunhar um acontecimento histórico: Lula cancela Bolsonaro.