Meio ambiente: a nova lua do MST, com Rosa Amorim | Podcast do Conde

Ela é filha de assentados da reforma agrária e cresceu nas fileiras do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST). De Caruaru, no Agreste do estado, Rosa Amorim, 25 anos, foi escolhida pelo movimento para disputar um cargo legislativo. Ocupar a política institucional não era pretensão do MST – nem de Rosa. Mas muita coisa mudou no Brasil nos últimos anos. A perda de direitos e a fome de 33 milhões de brasileiros fez os dirigentes dos sem-terra reprogramarem a rota e lançarem, nestas eleições, 15 candidaturas próprias ao redor do Brasil pelo Partido dos Trabalhadores (PT). Rosa é uma delas.

Jovem, negra, lésbica, atriz e estudante de teatro, ela é a síntese da pauta de transformação da sociedade no campo e na cidade pregada pelo MST – que o presidente Jair Bolsonaro (PL) vê como seu principal inimigo e tenta criminalizar a qualquer custo. Foi pelo perfil e histórico de lutas que Rosa foi escolhida para disputar uma cadeira na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), um espaço historicamente de baixa representatividade dos movimentos sociais, num cenário em que o Executivo estadual também dialoga pouco com os movimentos.

“O MST, há muito tempo, não vem lutando só pela terra. A gente compreende que a luta pela reforma agrária é uma luta do campo e da cidade. Porque não tem como pensar o campo sem pensar a cidade. Porque, se o campo não planta, a cidade não janta”, cita Rosa. Ela concedeu entrevista à Marco Zero esta semana e contou sobre suas propostas, suas estratégias e seus desafios.

É nessa costura campo-cidade e na necessidade de renovação do quadro político que entra o nome de Rosa Amorim. Desde cedo envolvida no movimento estudantil, ela é militante do Levante Popular da Juventude e diretora de cultura da União Nacional dos Estudantes (UNE). No Recife, está à frente de iniciativas políticas de solidariedade do MST, que, durante a pandemia, doou, no Brasil, 10 mil toneladas de alimentos para as periferias, além de ter construído diversas cozinhas solidárias.

Somente na capital pernambucana, o movimento tem inserção em mais 50 comunidades. Rosa construiu a campanha Mãos Solidárias e coordena o Armazém do Campo no centro da capital, loja de produtos orgânicos e agroecológicos da reforma agrária, onde também funcionam mercado, livraria e bar.

Ela é filha de Jaime Amorim, da direção nacional do MST e da coordenação da Via Campesina Internacional, e de Rubneuza Leandro, militante da educação que ajudou a formular a concepção de educação no campo e participou da primeira turma de formação de nível superior do MST. Na entrevista, a reportagem pediu que ela falasse também da mãe, já que as pessoas, de modo geral, se referem mais ao seu pai. “Tem uma frase da minha mãe que eu gosto muito: ‘é possível plantar feijão e ser doutor’”.

Deixe um Comentário

comentários