Maria Aline, 35 anos mãe solteira de um filho lindo de 10 anos. Moradora de periferia da Zona Sul, bairro do Parque Arariba, Viela São Francisco. Profissão: Auxiliar de Limpeza. – Especial Novembro Negro.
“Tenho um salário mínimo para sobreviver. A sociedade não olhou por mim quando precisei. Acabando o ensino médio procurei trabalho: como conseguir sendo que não davam vagas para negras? A única coisa que sobrou para mim foi ser faxineira e entregar panfleto no farol para aumenta minha renda.
Hoje sou universitária, no curso de pedagogia na faculdade Zumbi dos Palmares, enfrento um leão a cada dia para sobreviver. Para meu filho não posso fraqueja, pois ele me vê como uma guerreira, como uma descendente de Zumbi dos Palmares e Dandara que lutaram até o fim pela sua liberdade e liberdade do seu povo…
Hoje é isso que faço: trabalho de segunda a sexta como faxineira, final de semana trabalho com eventos para aumentar minha renda, domingo dou aula no projeto social para crianças de 4 a 14 anos.
Também dou palestra contanto minha vida, trajetória e contexto histórico da luta do meu povo,levando as escolas a necessidade de trabalhar a lei 10,639/03 que torna obrigatório falar da história e cultura afro brasileira e africana em todas as instituições de ensino.
Trabalhamos a identidade da criança e estou passando para elas a história do meu povo que roubaram de mim. Pois isso é obrigação da escola, passar o contexto histórico que nos roubaram. A sociedade nos deve muito pelo que sofremos até hoje. Uma coisa digo: não é fácil ser preta nessa sociedade que nos obriga a cada segundo a seguir o padrão dela. Há 11 anos sou faxineira. Comecei gravida do Muryllo, fui estudar pois não aguento mais humilhação. Estou em busca de conhecimento. Aprendi a argumentar. Agora sei meus direitos e corro atrás deles, não por mim e sim pelo meu povo.”